[ Em 1646, Portugal ajoelhou por inteiro aos pés da sua Rainha, a Imaculada Conceição. Esse gesto de então foi feito em perfeita comunhão nacional, a uma só voz, como se de uma só pessoa se tratasse. Em 2009, 363 anos depois, abre-se como medida de um círculo um novo ciclo de tempo. Não se repetindo a História, parece, contudo, repetir-se similar atmosfera de incerteza e de angústia... Vivemos hoje tão absolutamente subjugados ao domínio do relativismo e da tecnologia, que quase tomamos o Divino como inexistente e a natureza como adjacente. Neste vazio dificilmente imaginamos os Portugueses do nosso tempo abertos e confiantes no gesto admirável dos de outrora. Nao se repetindo, é certo, a História, pode, todavia, cada um de nós, em seu íntimo e como decisão vital, tornar-se fiel filho/servo da mesma Mãe/Rainha Imaculada, tal como há 363 anos o fez D. João IV. Ao fazê-lo, cada um ampliará num eco e na infinitude do seu coração o infinito amor a Nossa Senhora da Conceição, amor que os nossos antepassados semearam em nós. Agora, não sendo Portugal que se levanta como um só, é cada um que se levanta como sendo Portugal. Que se abra, pois, o nosso coração na terra fértil onde possam crescer livremente as flores que Maria Santíssima, por Jesus Cristo Nosso Senhor, deposita no trono do Pai Celeste. Portugal, na sua Gloriosa História, sempre defendeu a Conceição Imaculada de Nossa Senhora. Floresceu esta particular devoção no séc. XIII, e já no séc. XIV, em 1320, foi introduzida a festa da Imaculada Conceição por D. Raimundo, Bispo de Coimbra. Com a morte do Cardeal-Rei D. Henrique, em 1580 sobe ao trono durante um mês D. António, o Prior do Crato, que foi derrotado na Batalha de Alcântara, pelo exército enviado por Filipe II de Espanha, ficando Portugal sob o dominio espanhol durante quase 60 anos. Em 1639, começa-se a “preparar terreno” para a ascenção da Casa de Bragança ao trono, assim, após a revolução de 1 de Dezembro de 1640, D. João, Duque de Bragança, desloca-se para Lisboa onde foi aclamado Rei e logo depois manda celebrar na Capela Real, a 8 de Dezembro, imponente solenidade em honra de Maria Santíssima. O Rei “Restaurador” sentia o desejo de engradecer a Mãe de Deus por tantas graças concedidas a Portugal por Sua intercessão e, assim, no dia 25 de Março de 1646, estanto as cortes reunidas com o seu soberano, foi lida pelo secretário de Estado (depois de joelhos pelo Monarca) a Provisão Régia onde El-Rei consagrava Rainha de Portugal Nossa Senhora, desta forma os Monarcas Portugueses acharam por bem abdicarem da coroa nas suas cabeças, passando a serem representados ao lado da mesma. Mais tarde, no reinado de D. Pedro II, o Papa Clemente X respondeu ao pedido de D. João IV que a Imaculada Conceição fosse a “Senhora das terras Lusitanas”. O Papa enviou um breve Apostólico: “Exima dilectissima”, dado a 8 de Maio de 1671, confirmando a eleição de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira principal de Portugal. No proximo dia 25 de Março, Vila Viçosa, o altar da Pátria Portuguesa, volta a enfeitar-se em trono florido, sob o manto azulíssimo de Maria Rainha, qual céu protector, ao qual ajoelhe cada Português e que ao erguer-se, se saiba semente fértil e flor pequenina, flor aberta para sempre à Majestade e Grandeza Paternal e Amorosa de Deus. ]
Seminarista Tiago Pacheco Pinto
Artigo de Opinião
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