[ "Gil Vicente (1465 — 1536) é geralmente considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Há quem o identifique com o ourives, autor da Custódia de Belém, mestre da balança, e com o mestre de Retórica do Rei Dom Manuel. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador. É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já que também escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Encina. A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi, o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa. O Movimento Pensar Real ~ Pensar Portugal sublinha ainda que o seu primeiro trabalho conhecido, a peça em sayaguês Auto da Visitação, ou o Monólogo do Vaqueiro, foi representada nos aposentos da Rainha D. Maria, consorte de Dom Manuel, para celebrar o nascimento do Príncipe (o futuro D. João III) - sendo esta representação considerada como o marco de partida da História do Teatro Português. Ocorreu isto na noite de 8 de Junho de 1502, com a presença, além do Rei e da Rainha, de Dona Leonor, viúva de D. João II e D. Beatriz, mãe do Rei.]
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