sábado, 31 de janeiro de 2009

Imprensa:"O Regresso do Rei" na Actualidade da Política Nacional [ D. Carlos 100 Anos]

[ O Movimento Pensar Real ~ Pensar Portugal na resanha de imprensa da semana, destaca o artigo publicado no Jornal Expresso, sobre "A Sessão de encerramento do Centenário da Morte do Rei D. Carlos I", que se realizou na Universidade Católica em Lisboa, no dia 27 de Janeiro. "Durante largas décadas, a historiografia nacional tratou o rei D. Carlos como um "pobre diabo" que acabou assassinado no Terreiro do Paço devido à sua política desastrosa. Da sua vida ficavam para a posteridade algum talento para a pintura, os trabalhos de oceanografia e a sua fama como caçador e bon vivant. Só a partir de finais do século XX os historiadores começaram a olhar doutra forma o penúltimo monarca português. É o caso dos trabalhos de Rui Ramos e José Miguel Sardica, entre outros. Durante o ano de 2008, por ocasião do primeiro centenário da morte de D. Carlos, vários livros foram publicados sobre o regicídio. Um pouco por todo o país multiplicaram-se as evocações do malogrado monarca. Também a Universidade Católica, onde são docentes os historiadores acima referidos, quis fazer a evocação do soberano, tendo efectuado, em Janeiro de 2008, uma primeira conferência. Um ano depois, fechou um ciclo de reflexão sobre a vida e obra do monarca com a organização de um colóquio cientifico, que se realizou terça-feira dia 27 de Janeiro, sob o tema "O Rei D. Carlos e a Monarquia Constitucional". Estiveram em foco os vários aspectos do reinado de D. Carlos, bem como alguns dos seus antecedentes familiares, desde D. Pedro IV. Foram avaliados, tanto o papel dos reis constitucionais, como o próprio modelo constitucional monárquico português. Relativamente aos antecessores de D. Carlos ficou-se a saber a que ponto a sua avó, a rainha D. Maria II, herdara um país devastado pela guerra em que a "monarquia tinha deixado de ser uma religião", como realçou Fátima Bonifácio. A braços com um país mergulhado num revolucionarismo endémico, a soberana, que apostara em Costa Cabral como primeiro-ministro, terá tido, até à altura da sua morte, grande dificuldade em aceitar a Regeneração que ditara o fim do cabralismo. Por seu lado, Filomena Mónica, explicou como os dois filhos de D. Maria II, que lhe sucederam, D. Pedro V e D. Luís, não poderiam ter sido mais diferentes, quer como homens, quer como reis. De D. Pedro V, esta socióloga deixou-nos o retrato de um rei atormentado pelo atraso do país. E que teria trocado de boa vontade o seu lugar de soberano pelo de presidente do conselho, de forma a poder levar avante as suas ideias governativas, inspiradas no modelo inglês. De D. Luís, que sobe ao trono após a morte prematura do irmão, dirá que foi um rei gestor. Mais bonacheirão e sem as exigências perfeccionistas do irmão, conseguirá garantir vinte anos de paz ao país, o que, só por isso, o torna num bom rei constitucional. Rui Ramos explicou como D. Carlos tentou seguir o exemplo do pai. Sublinhou que este monarca que afirmava "ser rei liberal, por tradição e por família" teve sempre a preocupação de defender os grandes partidos do regime, o Regenerador e o Progressista e de os tentar reconstituir, mesmo após o desaparecimento dos seus chefes carismáticos. Na sua intervenção José Miguel Sardica falou do papel da imprensa na destruição da imagem do rei, ridicularizado pela sua figura rotunda e apelidado entre muitas outras coisas de "inútil, irresponsável, mulherengo, devasso, lacaio de Inglaterra, ladrão..." A imagem de D. Carlos foi completamente desrespeitada pelos jornais da oposição e, sobretudo, pelas caricaturas de Leal da Câmara e Celso Hermínio. Para além destas intervenções, outras houve, nomeadamente a de António Matos Ferreira sobre a questão religiosa no final da monarquia, a faceta artística de D. Carlos, explorada por Nuno Saldanha e a importância de D. Carlos como diplomata apresentada por Fernando Costa e Pedro Leite de Faria. Em paralelo, a Biblioteca da Universidade Católica organizou uma pequena exposição sobre a figura de D. Carlos com espólio próprio, esculturas de Luís Valadares e algumas peças pertencentes à família de Feliciano José dos Reis, almoxarife da Tapada da Ajuda, na época de D. Carlos. Por último e com a presença de D. Duarte e D. Isabel de Bragança, procedeu-se à cerimónia de encerramento do centenário da morte do rei, organizada pela Comissão D. Carlos - 100 anos sob o alto patrocínio da Fundação D. Manuel II. Durante esta cerimónia foi conferencista o antigo Presidente do Parlamento Europeu, José Maria Gil-Robles que falou das monarquias constitucionais na Europa de hoje."]

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