[El-Rei Dom Afonso Henriques nasceu no dia 25 de Julho de 1108, segundo a tradição, ou seja, há precisamente 900 anos! 25 de Julho é o dia litúrgico em que se comemora São Tiago Maior, “patrono na reconquista”, cuja devoção, a partir da Galiza, marcou a conquista cristã da Península e a formação do Reino de Portugal. O nascimento de Dom Afonso é indissociável do de Portugal. Sem a vontade expressa deste Rei, motivada pela sua Fé, nunca teria existido Portugal, tal como nós hoje o conhecemos. Pensando no Fundador de Portugal, pensa-se naturalmente na fundação de Portugal, no seu passado, no seu presente e qual será o seu futuro. De facto a História de Portugal está marcada por um série de acontecimentos que foram marcando um caminho, um destino ao nosso país. A memória colectiva ficou indelevelmente marcada pela efeméride dos “Descobrimentos”. A partir desse período, que constituiu o apogeu de Portugal, desde a cultura à economia passando pela afirmação religiosa e politica, a fasquia ficou muito elevada. A herança deixada parece ter-se tornado não um bem mas antes um mal a suportar, um peso-morto constrangedor e castrador do nosso futuro. Mais nenhum período da história nacional conseguiu alcançar o mesmo nível, realizar os mesmos feitos, atingir os mesmos fins. No fundo é o “falta cumprir-se Portugal” de Mensagem, de Fernando Pessoa, que continua a dominar o subconsciente colectivo. É o “Quinto Império” profetizado pelo Padre António Vieira que deve ser construído e ainda não foi. É El-Rei Dom Sebastião que está para chegar e não chega… A glória do passado obriga a uma glória do presente e do futuro, que parece nunca mais se alcançar e que por essa razão nos faz passar de um “determinismo religioso” para um fatalismo do “não voltar a conseguir”. Construiu-se uma desesperança no futuro com base em falhas sucessivas no passado a pós Alcácer-Quibir, e que se repetem no presente. Contudo o nosso destino nunca foi algo predeterminado de forma irremediável, talvez por uma entidade superior ou pelo peso do passado, mas esteve sempre nas nossas mãos a sua construção, à força da nossa vontade, esta orientada para um fim, e animada por uma referência. A vontade é resultado da conjugação da razão e do pensamento com a liberdade que leva à acção. A vontade é fazer o que se quer, racionalmente, e não o que apetece, emocionalmente. Como refere o Papa Bento XVI, “ a liberdade do ser humano é sempre nova e deve sempre de novo tomar as suas decisões. Nunca podem ser tomadas por outro em nosso nome – neste caso, de facto, deixaríamos de ser livres. A liberdade pressupõe que, nas decisões fundamentais, cada pessoa, cada geração seja um novo inicio”. Na verdade cada geração deve ter a liberdade de decidir o seu presente e apesar de carregar consigo um passado, este deve ser condutor, impulsionador, e não castrador. De facto, na História de Portugal, vemos que as grandes realizações, desde a Fundação à Restauração, passando pela Expansão, foram acções pensadas destinadas a um fim, tomadas livremente pela geração de então. Talvez o que nos falta hoje é esta conjugação do pensamento à acção com vista a um fim. Ou talvez o fim que nos norteou sempre não seja o mesmo que nos norteia hoje. O Rei, a Monarquia, foi quem ao longo da nossa história sempre soube interpretar, da melhor forma, essa vontade de todo um povo. O Rei foi quem tomou a dianteira, foi a referência, no trilhar de uma caminho com vista à felicidade do seu Povo. Portugal encontra-se alienado, confuso, indeterminado. Cabe a esta geração demonstrar a sua vontade, escolher o caminho que marca a nossa identidade e dá sentido à existência de Portugal, cabe a esta geração dizer que Portugal sem Rei não é Portugal, porque sem Rei não se cumpre Portugal.
Joel Moedas Miguel tem 24 anos e é o Presidente da Juventude Monárquica de Lisboa. Licenciado em História e Docente da Escola Val do Rio está a concluir o Mestrado em Património. Colabora com Artigos de Opinião no nosso Blogue em matérias de História e Cultura, e é Membro do Grupo de Refexão Monárquica: "Pensar Real~Pensar Portugal". ]
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