sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Paço Real da Alcáçova: Da residência Real ao Palácio dos Bispos [Castelo de S. Jorge]

[ Situado numa das colinas mais altas de Lisboa, num local aprazível sobranceiro ao Tejo, o Castelo de São Jorge, domina a paisagem ribeirinha da Baixa Pombalina. Os vestígios mais antigos encontrados no Castelo remontam à Idade do Ferro, ao séc. VI a.C. As escavações arqueológicas a decorrer no local puseram a descoberto um conjunto de estruturas, pavimentos e muros, e de objectos de uso quotidiano, que testemunham a antiguidade da ocupação da zona onde hoje se encontra o Castelo. Estrabão, geógrafo do séc. I a.C., informa que Olisipo foi fortificada no séc. II a.C, durante as campanhas militares romanas na Lusitânia. A existência de um castelo propriamente dito, é documentado nas fontes e na arqueologia a partir de meados do século XI. As descrições dos geógrafos árabes salientam o forte castelo e as muralhas que defendiam a quasabah (alcáçova). Nessa altura, Al Uzbuna, como era designada pelos muçulmanos, mantinha a sua importância enquanto cidade portuária. A cidade propriamente dita, a medina, desenvolvia-se, desde o Castelo até ao rio, pela encosta Sul e Sudoeste. Em 1147, quando D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal, acampa com o seu exército na envolvente da colina do Castelo para o tomar aos mouros, o castelo e parte da cidade encontravam-se defendidos por uma muralha, que abraçava parte da cidade que pela colina do Castelo se desenvolvia até ao rio. A conquista que ficou célebre nos anais da história pela morosidade do cerco devido à dificuldade em tomar o Castelo, que imponente se erguia no topo, contou com a ajuda da Segunda Cruzada que se dirigia para a Terra Santa para mais uma ofensiva contra os árabes. Em 1256, Lisboa, torna-se capital do reino de Portugal. Desde então, para além da residência Real e do palácio dos Bispos, a alcáçova recebe casas dos nobres da Corte. Os vários reis do séc. XIII, XIV e XV, dedicam uma atenção especial ao Castelo promovendo melhorias várias. Em meados do séc. XIII, D. Afonso III faz obras de reparação no palácio do governador. No séc XIV, D. Dinis, transforma a alcáçova mourisca em Paço Real da Alcáçova. D. Fernando, em 1373 - 1375, manda construir a Cerca Nova ou Cerca Fernandina, para que a cidade ficasse mais defendida, pois tinha-se expandido muito. Também, com D. Fernando, é instalada na Torre de Ulisses o tombo do reino, onde se guardava os documentos antigos do Arquivo Real. Depois das guerras com Castela e restabelecida a paz, nos finais do séc. XIV, D. João I, manda atulhar o fosso e coloca o Castelo sobre a protecção de São Jorge, santo protector dos guerreiros e da fé cristã. É no Paço Real da Alcáçova que Vasco da Gama é recebido por D. Manuel depois de regressar da Índia, no limiar do séc XV para XVI. É também, neste paço que é apresentada a primeira peça de teatro português, o Auto do Vaqueiro, de Gil Vicente, por ocasião do nascimento do príncipe D. João, futuro rei D. João III. No dealbar do séc. XVI, a residência Real e a Corte transferem-se para a baixa da cidade (Praça do Comércio) e o antigo Paço Real da Alcáçova, vai perdendo, naturalmente importância. Porém, em meados do séc. XVI, D. Sebastião, manda reedificar o Paço para aí estabelecer a sua residência, ficando para a história como o último Rei a residir no antigo Paço Real. ]
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