[ No passado fim – de – semana rumei a Ponte de Lima para participar na grande festa do concelho. É já um hábito viver as Feiras Novas. O ar que se respira durante estes dias é único no Mundo. As cores, as gentes, as casas senhoriais, as pedras que falam, contando estórias sem fim, a música, as concertinas, as bandas, os sabores únicos da gastronomia, o verde dos montes… Ficamos envolvidos na atmosfera perfeita para a diversão e para viver Portugal. Não me sai da cabeça a imagem de jovens a dançar e a cantar em torno das concertinas. Eu próprio dancei e ri sem parar. Vivemos uma altura em que o tradicional não interessa aos mais novos e tudo o que é genuinamente português cheira a ultrapassado, retrógrado. Os ventos da Europa, e as tradições dos outros países, são sempre mais apelativos. A juventude que estava nesta terra do Alto Minho contraria esta tendência. Vi jovens adolescentes cantando e dançando ao som da mais tradicional música portuguesa. Enchi-me de orgulho. Fiquei feliz por perceber que afinal nem tudo está perdido. A nossa cultura tem uma hipótese de não morrer. A globalização, inaugurada pela diáspora portuguesa, trouxe tudo de bom e tudo de mau. Os benefícios da relação entre os povos são inegáveis, mas a ilusão de que os outros trabalharão pelo bem da nossa pátria está a sair-nos muito cara. A integração europeia é o exemplo vivo de como nos entregamos nas mãos dos mais fortes para decidirem o que fazer de nós próprios. Esta ilusão está a corroer o cerne da nação portuguesa. Um povo que já não acredita em si próprio abdica das duas tradições, da sua terra. Dia após dia assiste-se a esta decadência. Por isso, Ponte de Lima é uma base essencial para a salvação do que fomos, do que somos. Contudo, não nos podemos esquecer que a tradição destas terras está intimamente ligada com a actividade agrícola. O fim anunciado da agricultura portuguesa acabará por arrastar a magia do Minho para o esquecimento. Não haverá jovens para colher ou semear. Não é lucrativo… as imposições do mercado comum não permitem que o seja. Enquanto não acreditarmos naquilo que somos jamais cresceremos, seremos apenas a frustração de um projecto inacabado, Portugal. ]
Diogo Tomás
Membro do Concelho Nacional da Juventude Monárquica.
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